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Uma paulistana em terras pernambucanas e com espírito viajante

Uma paulistana em terras pernambucanas e com espírito viajante

Com uma inconfundível risada e “erres” pronunciados com o fervor dos que nascem na cidade de São Paulo, a juíza Patrícia Franco Trajano sempre desejou ingressar na Magistratura. Tanto que prestou 31 concursos (apenas para este cargo), até chegar à 6ª Região, em 2015.

Nessa caminhada, muitas experiências, expectativas, frustrações e aventuras que abriram espaço para a evolução do seu espírito viajante, um hobby que já a fez conhecer o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, 23 países, nos seis continentes. E muitas histórias para contar. Confira a entrevista e dicas para desbravar o mundo sem medo.

Isto Posto (IP) – Como essa paulistana veio parar em Pernambuco?

Patrícia Trajano (Patrícia) – Desde muito nova já sabia que queria ser juíza.

Inicialmente, achei que meu destino era a Justiça Estadual. Prestei muitos concursos para esse ramo, até que fui ser servidora do TRT2, onde pude me aprofundar no Direito do Trabalho e refletir:  "Meu Deus, onde eu estava com a cabeça para ir para a Justiça Comum? Minha vida é o Direito do Trabalho, tudo a ver comigo!". A partir daí, comecei a prestar concursos para a magistratura trabalhista; e até chegar à 6ª Região, em 2015, foi muita história.

IP – Como é essa história?

Patrícia – Comecei a trabalhar aos 17 anos em uma locadora de vídeo (muitos nem devem saber o que é isso). Depois trabalhei como auxiliar de escritório em banca de advocacia; posteriormente, passei no concurso da Caixa Econômica Federal e ainda advoguei um pouco, mas não me sentia feliz. Então, prestei concurso para analista judiciário e trabalhei no TRT2 em SP por quase 12 anos até vir para Pernambuco como juíza.

IP – Em Pernambuco, atuou onde?

Patrícia – Ingressei na magistratura trabalhista de PE em novembro/2015 e passei boa parte desses quase 10 anos na reserva técnica, ou seja, sem um lugar fixo, indo de vara em vara, de cidade em cidade.

IP – A paulistana se adaptou fácil à terra do frevo??

Patrícia – A minha chegada a Pernambuco foi um pouco turbulenta. Já conhecia o Estado, de viagem anterior a Fernando de Noronha e de outras vezes que tinha vindo fazer provas, mas o que a gente conhece quando viaja não é a mesma coisa que no dia a dia. Cheguei num lugar novo, completamente diferente do de minha origem, com coisas muito mais legais e algumas piores, foi um choque cultural e de realidade. Caldinho na praia, não dá (sopa é sopa!). Mas, na balança, Pernambuco ganha em muito de SP e, por isso, resolvi ficar!

IP – Porque a Magistratura e a Justiça do Trabalho?

Patrícia – Pouco conhecia do Direito do Trabalho até ser servidora do TRT2. O destino se encarregou de me levar (não procurei e nem tinha qualquer intenção disso) a ser assistente em um gabinete de desembargadora, sem saber nada e fui aprendendo e entendendo... aquilo entrou em mim de uma forma mágica, e eu vi que aqui é o meu lugar!

IP – Esses muitos concursos fizeram surgir seu “espírito ‘viajante”?

Patrícia – Ah, o espírito viajante sempre esteve aqui. Muito antes dos concursos, eu já tinha minhas aventurinhas. As viagens para fazer provas, embora propiciassem alguns momentos de lazer, eram duras, difíceis, cheias de expectativas, cansaço, medos, frustrações... E eu me refugiava nas viagens de lazer para me reenergizar de tudo isso... até hoje me sinto assim... só relaxo, tiro o trabalho da minha mente, quando estou em viagem.

IP – São quantas cidades, estados, países?

Patrícia – Não tenho ideia de quantas cidades já visitei! Porque gosto desde as visitas e viagens curtas de cidades próximas (muitas vezes, as únicas que são possíveis) até aquelas mais distantes e mais longas... No Brasil, só não estive nos Estados do Acre, Rondônia, Roraima e Amapá, do resto, já conheço algumas coisas. Quanto aos países, até agora foram só 23, mas é que eu já fui, por exemplo, cinco vezes ao Peru, quatro vezes ao Chile e assim vai.

IP – Qual a foi melhor experiência?

Patrícia – Eu sempre acho minhas viagens o máximo. Não consigo dizer qual foi a melhor e, até hoje, só teve uma que eu classificaria como ruim, porque tive um problema de saúde que acabou comprometendo toda a viagem. É que cada lugar no mundo me faz me sentir de um jeito diferente. Mas posso destacar algumas mais "inusitadas".  Por exemplo, já fui ao Zimbábue, com suas inesquecíveis Cataratas Vitória, em um panorama parecido com o das nossas Cataratas do Iguaçu, mas um país ainda com muita natureza totalmente selvagem, sem interferência humana, e poder ver os animais no habitat deles, de perto, é algo surreal.

IP – Algum perrengue chique?

Patrícia – De perrengue chique teve a vez, recentemente, em que estava em Veneza com uma amiga e, ao sentarmos em um restaurante lindo à beira do Grande Canal, fomos quase expulsas pelo garçom, que achou que estávamos ali só para tirar fotos.

IP – Viajar sozinha ou em grupo?

Patrícia – Já tive todo tipo de experiência, desde viajar sozinha, com (ex-) marido, com amiga, em grupos pequenos, em grupos grandes, só de mulheres, misto... e todas as modalidades têm seus prós e contras. Confesso que prefiro não viajar sozinha, mas, se não tiver companhia, vou assim mesmo. Atualmente, tenho preferido grupos pequenos de até 5, 6 pessoas, no máximo, mas é algo mais difícil de encontrar. Cada tipo proporciona uma experiência diferente, algumas eu gosto mais e outras menos...

Hoje em dia, não viajo de excursão (no sentido de muita gente), porque é algo que me estressa. Mas houve uma época da minha vida em que só esse tipo de viagem era possível, então, era fazer limonada do limão.

IP – Nessas viagens em grupo, alguma com propostas diferentes?

Patrícia –Fiz duas viagens só com mulheres, uma delas para a Índia e a proposta era justamente serem só mulheres; e a outra para Madagascar, que calhou de serem só mulheres. Ambas as viagens foram maravilhosas, lugares maravilhosos, mas, em termos de companhia, de companheiras de viagem, com as mulheres da Índia, não repetiria. Eram pessoas ricas, que já conheciam toda a Europa e foram se aventurar pela Ásia. Reclamavam de tudo, inclusive de coisas intrínsecas à Índia. Já em Madagascar, eram mulheres maravilhosas, viramos amigas, de combinarmos de viajar juntas, de passarmos dias lindos de conversas e risadas. Ou seja, tudo depende dos seres humanos, às vezes, temos sorte.

IP – Alguma dica para quem quer viajar, mas tem medo?

Patrícia –Cuidado a gente tem que ter sempre, até para ir na padaria. Então, quando vou para lugares de realidade mais diferente da minha, procuro ir com assistência, normalmente compro pacote em agências que confio. Para lugares mais "comuns", eu vou solo mesmo, fazendo minhas pesquisas na Internet. Mas, uma coisa é certa, mesmo com receio, vá! 😊

IP – Outro hobby? Qual?

Patrícia –Viajar envolve muito planejamento e acaba consumindo boa parte do meu tempo livre, mas gosto de ver séries de TV, especialmente quando estou com a cabeça cansada. Já tive a fase das séries coreanas e agora estou mais nas policiais fora do circuito americano (tem umas ótimas da Islândia, Alemanha, Suécia...).

IP – E seus filhotes tão amados?

Patrícia –Tenho cinco “pirraios”, todos felinos: Melkzedek, meu idosinho ranzinza de 16 anos e que é o responsável por eu ter virado “gateira”.

Alfazema, minha senhorinha carinhosa de 11 anos; Groselha, minha preta encrenqueira de 9 anos e a meliante que me deu o golpe da barriga e responsável por eu ter cinco gatos; Malachias, o primeiro filhote de Groselha, que ajudei a fazer o parto (literalmente, rompi a bolsinha e o cordão umbilical... 😱), um moleque atentado de 8 anos; Shi, minha gorducha preguiçosa, também filha de Groselha e a última a nascer da ninhada que também veio Malachias.

IP – Algo mais a destacar?

Patrícia – Só uma coisa: viajar é vida! É ver que as pessoas estão vivendo nos seus lugares de origem como nós estamos vivendo aqui, cada uma com suas peculiaridades, e é maravilhoso ver essa diversidade, expandir o olhar para as diferenças. Acho que isso aumenta nossa sensibilidade para o outro.

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