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Exemplo luminoso da avó

Exemplo luminoso da avó

Ao ingressar na magistratura (em 2006), após exercer a advocacia e atuar como servidora no Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região – percurso bastante semelhante ao trilhado por sua mãe – Necy Lapenda reviveu uma trajetória pautada no desejo de fazer a diferença na vida das pessoas.  A convivência diária das duas intensificou sua vocação jurídica e paixão pela Justiça do Trabalho.

Mãe e filha na magistratura. O que têm em comum e o que têm de antagônico?

Necy – Compartilhamos um profundo compromisso com a justiça e a determinação em resolver conflitos com equidade. Nossa maior semelhança reside na abordagem empática com as partes e na busca por soluções práticas e eficazes. As diferenças surgem, sobretudo, na maneira como lidamos com as pressões da profissão: minha mãe sempre demonstrou uma serenidade admirável diante dos desafios, enquanto eu, mais ansiosa, busco resoluções mais imediatas. Essas diferenças, no entanto, nos complementam e enriquecem nosso diálogo sobre a magistratura.

Mãe e filha na magistratura. O que é motivo de orgulho em sua mãe?

Necy – O que mais me orgulha em minha mãe é sua rara capacidade de equilibrar firmeza e acolhimento na condução dos processos. Construiu uma carreira exemplar, sendo simultaneamente rigorosa na aplicação da lei e profundamente humana no trato com as pessoas. Mesmo após quinze anos de sua aposentadoria, é comovente perceber que seu nome ainda ressoa na sala de audiência, mencionado com respeito e admiração por advogados, servidores e, também, por colegas magistrados. Esse legado de humanidade na prestação jurisdicional é um patrimônio que me esforço, com responsabilidade, para honrar em minha trajetória.

De alguma forma sua mãe a inspirou/ensinou algo na carreira?

Necy – Minha mãe me ensinou, principalmente pelo exemplo, que ser magistrada transcende a mera aplicação técnica da lei. Ela me mostrou a importância da escuta ativa, do olhar atento e do reconhecimento de que cada processo carrega histórias reais, de pessoas com suas dores, esperanças e necessidades. Dela herdei a compreensão de que a verdadeira justiça se realiza quando combinamos o rigor técnico, sensibilidade e celeridade na resposta judicial. São lições preciosas que norteiam meu exercício diário da magistratura e que carrego diariamente.

Na sua trajetória, mudanças ocorreram quando o assunto é maternidade na magistratura? O que poderia destacar?

Necy – Assisti a avanços relevantes na forma como a maternidade passou a ser tratada institucionalmente na magistratura. Atualmente, há maior reconhecimento das especificidades vivenciadas pelas juízas mães, com políticas que possibilitam conciliar de modo mais equilibrado as demandas profissionais e familiares. Essas mudanças possibilitam viver a maternidade de forma mais plena e menos culpabilizada. Nessa caminhada, a orientação e o exemplo de minha mãe foram fundamentais, que sempre ofereceu suporte e compreensão profunda dos desafios e alegrias de ser mãe e magistrada, uma função de tanta responsabilidade social.

Qual conselho seu “EU FUTURO” daria para um(a) filho(a) que desejasse ingressar na magistratura?

Necy – Tenho dois filhos, hoje com 15 e 16 anos, que já manifestam o desejo de seguir a carreira da magistratura. Acredito que essa escolha precoce se deve ao fato de presenciarem, desde pequenos, a realização profissional vivida por mim e pela avó.

Assim, eu diria: cultive sempre o olhar humano por trás de cada processo. A técnica jurídica é essencial, mas sem empatia é insuficiente. Orgulhe-se de sua trajetória, mesmo diante das inevitáveis frustrações e limitações institucionais. Busque o equilíbrio entre firmeza e compaixão, entre celeridade e prudência. E jamais se esqueça de que a toga não é um símbolo de poder, mas de serviço – um compromisso diário com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, seguindo o exemplo luminoso deixado por sua avó.

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