Ao decidir pelo Direito como caminho de realização profissional, a estudante Rosa Melo já tinha, em casa, uma fonte de inspiração. A mãe Eneida, desde sempre demonstrou seu profundo amor pela carreira jurídica, o que serviu de estímulo para que ela viesse a seguir seus passos na Magistratura do Trabalho. Aprovada em concurso em agosto de 2001, reconhece que a mãe – com bravura e ternura - abriu caminho para mulheres no Judiciário.
Mãe e filha na magistratura. O que têm em comum e o que têm de antagônico?
Rosa – Em comum, a primeira coisa que penso é que compartilhamos a paixão pela Justiça. Cresci vendo minha mãe exercer a magistratura com tanta dedicação que, de certa forma, esse amor pela profissão foi naturalmente sendo construído em mim.
Por outro lado, minha mãe enfrentou com bravura - e muita ternura - um cenário em que a presença feminina ainda era pequena e sua trajetória foi marcada por superações que, felizmente, abriram caminhos para mim e para outras mulheres que desejavam ingressar na magistratura, pois eu já consegui encontrar um Judiciário em transformação, mais aberto às discussões sobre igualdade de gênero e conciliação entre carreira e maternidade.
Mãe e filha na magistratura. O que é motivo de orgulho em sua mãe?
Rosa – O que mais me orgulha é a sua paixão pelo Judiciário Trabalhista e sua luta incansável em deixar sua marca por onde passa, com alegria, leveza e muito amor em tudo que faz. Minha maravilhosa mãe conseguiu construir uma trajetória marcada pela integridade, coragem e sensibilidade. Além de uma excelente magistrada, sempre foi uma mãe e avó muito presente, mostrando que é possível equilibrar o amor pela profissão e a dedicação à família.
De alguma forma sua mãe a inspirou/ensinou algo na carreira?
Rosa – Mais do que inspirar, minha mãe sempre foi - e ainda é - o meu exemplo diário de que a Justiça vai além das leis e que nossa tarefa precisa ser cumprida de forma leve, empática e sensível. Sua postura firme, mas sempre acolhedora, me ensinou a importância da magistratura.
Na sua trajetória, mudanças ocorreram quando o assunto é maternidade na magistratura? O que poderia destacar?
Rosa – Considero que existiram, sim, muitos avanços importantes, pois observo que hoje temos um ambiente mais consciente das necessidades da mulher magistrada, especialmente no que diz respeito à maternidade, com a criação de algumas políticas institucionais para facilitar essa conciliação. Ainda assim, a carga de trabalho intensa e a necessidade de constante atualização profissional se apresentam como um grande obstáculo para o exercício tranquilo da magistratura pela mulher que é também mãe, mostrando-se sempre necessário um olhar cuidadoso e atento dos gestores para possibilitar e fortalecer o equilíbrio entre carreira e vida pessoal da mulher magistrada.
Qual conselho seu “EU FUTURO” diria para um(a) filho(a) que desejasse ingressar na magistratura?
Rosa – Diria para seguir o coração, mas nunca esquecer que a magistratura exige não só conhecimento, mas sensibilidade e coragem. Que ela tenha orgulho de trilhar seu próprio caminho, sem se sentir presa a expectativas externas, e que entenda que conciliar carreira e vida pessoal é um desafio, mas também uma jornada recompensadora. Acho que o mais importante que eu poderia dizer para ela seria que seguisse o exemplo da sua avó: uma grande mulher, uma mãe maravilhosa e uma magistrada vocacionada, pois fazendo isso ela me traria grande orgulho e, assim, teria verdadeira sensação de dever cumprido como mãe.